quarta-feira, 13 de março de 2019

Revitalização de igrejas e seus desafios, uma visão preliminar.



Reginaldo de Matos Araújo.[1]

Ao analisarmos os desafios para revitalização de igrejas locais, percebemos que em grande parte está relacionada com o gerenciamento de pessoas, a gestão de pessoas é ferramenta importantíssima neste trabalho. Quando compreendemos que “O objetivo da gestão de pessoas é garantir o equilíbrio entre a organização e as pessoas. Do ponto de vista organizacional, ela se torna uma peça fundamental para o alcance da excelência em gestão. É por meio dela que líderes influenciam seus liderados a atingirem objetivos e metas da organização. ”[2]
O presente artigo, propõe a apresentação dos desafios encontrados no processo de revitalização de igrejas locais. Uma vez detectados os desafios, é possível desenvolver estratégias de ação que possam produzir resultados positivos.
Não é propósito do artigo trabalhar as questões teológicas inerentes ao bom desenvolvimento do trabalho cristão. O olhar apresentado dirige-se sobre questões práticas do cotidiano da vida da igreja local. E do relacionamento igreja/revitalizador.
1 – O desafio de capacitar a liderança local.
1.1 – Líderes que não possuem habilidades na área de formação e capacitação de liderança. Não conseguem formar liderança capacitadora.
1.2 – Carência de material humano nas igrejas locais. Pouca gente disposta a receber treinamento.
1.3 – Resistência na mudança de paradigma por parte de membros e liderança local. Resistência para receber uma nova visão de trabalho focada em crescimento e desenvolvimento.
a. – Liderança não quer comprometer-se envolvendo-se com a nova visão.
b. -  Membros e liderança resistentes a saírem de sua zona de conforto e envolverem-se com novos membros que estão chegando a igreja. Em grande parte, omitem-se no processo de integração do novo membro.
2 – O desafio da captação e distribuição dos recursos financeiros.
2.1 – Igrejas/Congregações que dependem de recursos financeiros advindo de uma fonte externa, igreja mãe ou outras fontes de recursos, como: Aluguéis de imóveis, doações vindas do exterior, doações de empresas, solicitações de favores a órgãos públicos, etc.
2.2 – Igrejas/congregações onde não existe um planejamento estratégico para aplicação de recursos visando o desenvolvimento humano, preferem investir em estruturas físicas em um primeiro momento e não em pessoas, capacitação de líderes, engajamento com a sociedade local, investir em métodos e práticas evangélicas, colocar-se como apoio para a comunidade local, dentre outras.
2.3 – Igrejas formadas/geradas sem a cultura da contribuição, o ensino sobre a manutenção da igreja pelos membros, não foi aplicado. Dízimos e ofertas não fazem parte da cultura cristã da igreja. Essa doutrina não foi ensinada desde o princípio da formação da igreja.
Efeitos sobre a igreja são:
a. Membros que administram suas contribuições a seu modo. Usam o dinheiro do dízimo para aquisição de bens para a igreja ou outras ações, ou seja, cada membro administra seu dízimo.
b. A contribuição do dízimo passa ser representativa, mas não corresponde ao 10% prescritos.
c. Membros que rejeitam totalmente a ideia do dízimo, passando até a combater tal ensino entre os membros.
2.3 – Plantação de igrejas que levaram muito tempo para iniciar suas responsabilidades com o sustento pastoral. As razões ´podem ser:
a. Pelo fato de o pastor/plantador ter uma remuneração extra, emprego, aposentado, etc. e por isso não necessitar de recursos que venham da igreja em plantação.
b. Quer seja pelo fato de a igreja mãe sempre sustentar a congregação em tudo e não lhe dar oportunidade de gerir e desenvolver seus recursos.
c. Ainda, por falta de ensino sobre o assunto no princípio da plantação, mostrando as implicações relacionadas a responsabilidade na manutenção da igreja local por parte se seus membros e congregados.
3 – Desafio da localização da igreja.
3.1 – Igrejas localizadas em locais de difícil acesso ou em cidades com baixos índices de desenvolvimento humano, social, econômico e populacional.
3.2 – Igrejas onde existe uma cultura cristã já enraizada (neste caso estamos tratando da existência de uma outra cultura evangélica ou católica em uma cidade pequena. Por exemplo, onde o catolicismo é muito predominante ou já exista uma outra igreja evangélica de visão teológica diferente (geralmente isso acontece quando esta igreja é de grande ou médio porte) daquela que se pretende revitalizar. Estes são apenas alguns exemplos. Lembrando que neste caso estamos tratando de cidades pequenas onde a primeira igreja a chegar tenha conquistado boa influência e na cidade goze de prestígio).
3.3 – Igrejas/congregações que se fecharam para a formação de novos líderes locais, onde apenas uma família está envolvida na administração e liderança. (Caso muito corriqueiro em cidades do interior).
Considerações
Os três desafios apresentados, fazem parte de um grande número de igrejas/congregações que enfrentam alguma dificuldade para tornar aos trilhos ou alavancar seu desenvolvimento.
No presente artigo, o autor procurou ser sucinto e objetivo. É certo que muitos pontos ainda precisam ser vistos e estudados, no entanto, espera-se despertar o interesse sobre o assunto e fomentar desejo por estudos mais aprofundados.


[1] MDiv, Ministério (In course SETECEB); Pós Graduado em Docência Universitária, (FBC/GO); Bel. Teologia (FTSA/PR); Pastor Evangélico (ICEB).
[2] MASSENSINI, Ariana Ramos. Gestão de Pessoas. Brasília: SENAI/DN, 2010 p32.

Um comentário:

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