“E ele mesmo deu uns para
apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores. Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo; ” Efésios 4:11,12[2]
“Ser
pastor sem vocação é como ser membro professo e batizado sem conversão. Nos
dois casos há um nome, e nada mais. (SPURGEON) ”[3]
Existe, não
pequeno debate sobre a questão e posição pastoral nos dias presentes. Muito já
se escreveu sobre a questão que diferencia o pastoreio das demais profissões,
leis congressistas foram propostas, artigos escritos, livros, palestras e etc.
mesmo assim, caso façamos a pergunta: O que é chamado pastoral? Para a igreja e
pastores e busquemos honestamente na Bíblia Sagrada tal definição, perceberemos
claramente que existe um desentoar nas referidas definições.
A “igreja” tem
uma ideia sobre o papel pastoral e cobra do pastor, muitas vezes o que não lhe
é competência, muitas das atividades que diz respeito a toda a igreja é cobrada
por esta, como se fosse exclusividade pastoral, vendo no pastor, uma espécie de
funcionário de alto escalão, “bem remunerado” e com uma carga horária relativamente
baixa para os padrões de empresas atuais, afinal de contas, nem ponto o pastor
bate. (Bem, até aonde conheço!)
Por outro
lado, pastores veem na igreja uma oportunidade de manter seu sustento, emprego,
status, e tantas outras “regalias”. Não aceitam a ideia de emprego, mas, vivem
como se fossem patrões da igreja. Veem ali a possibilidade de resgatar todo o
dinheiro investido nos anos de seminário, livros comprados e assim por diante.
A preocupação
do presente artigo, gira em torno das questões: Sabemos de fato sobre nossa
vocação pastoral para hoje? É verdade que os tempos mudaram, mas, e a vocação,
o chamado de Deus é diferente hoje? Nos parecemos com os primeiros vocacionados
por Cristo?
Spurgeon já
alertava sobre isto quando respondeu à pergunta: Como pode o jovem saber se é
vocacionado ou não? Ele responde:
É uma indagação ponderável, e desejo tratá-la mui solenemente. Oh, a
divina orientação para fazê-lo! O fato de que centenas perderam o rumo e
tropeçaram num púlpito, está patenteado tristemente nos ministérios
infrutíferos e nas igrejas decadentes que nos cercam. Errar na vocação é terrível
calamidade para o homem, e, para a igreja sobre a qual ele se impõe, seu erro
envolve aflição das mais dolorosas. [...]. Quando penso no prejuízo, que por
pouco não é infinito, que pode resultar do erro quanto à nossa vocação para o
pastorado cristão, domina-me o temor de que algum de nós tenha sido negligente
no exame de suas credenciais. Preferiria que vivêssemos em dúvida e nos
examinássemos muitíssimas vezes, do que tornarmos empecilhos no ministério.[4]
Quando a Palavra
de Deus não é nossa maior paixão no ministério pastoral, corremos o grande
risco de estarmos na direção errada. Pastorear por dinheiro, falta de emprego
ou qualquer outra razão que não seja consciência de sua vocação, é perda de
tempo. Spurgeon ainda diz:
A Palavra de Deus deve ser como fogo em nossos ossos, do contrário, se
nos aventurarmos no ministério, seremos infelizes nisso, seremos incapazes de
suportar as diversas formas de abnegação que lhe são próprias, e prestaremos
pouco serviço aqueles aos quais ministramos. Falo de formas de abnegação, e
digo bem, pois o trabalho do verdadeiro pastor está repleto delas, e, se não
amar a sua vocação, logo sucumbirá ou desistirá da luta, ou prosseguirá
descontente, sob o peso de uma monotonia tão fastidiosa como a de um cavalo
cego girando um moinho.[5]
A exposição
das Escrituras à igreja, precisa abranger também a questão pastoral, muitas
vezes se negligencia o falar sobre a própria vocação e se espera que a igreja
aprenda sobre isso sozinha, ledo engano. A razão de muitas igrejas não compreenderem
sobre a vocação pastoral é por não ouvir sobre este tema.
É tempo de
treinarmos nossos jovens vocacionados em nossas próprias igrejas sobre o
ministério pastoral. Assim, ao chegarem em nossos seminários possam compreender
na prática o que é ser pastor e não apenas saber teoricamente sobre as funções pastorais.
É preciso
voltar a cumprir a Bíblia, (leia 2 Tm 2.15...); outrossim, muitos obreiros
iniciam seus estudos teológicos e desenvolvem muito bem a função acadêmica,
mas, fracassam no pastoreio, a razão? Não foram antes experimentados em suas
congregações locais, diz Paulo: “Também sejam estes primeiramente experimentados;
e, se se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato. ” (3.10)
Ora, se para
exercer a função diaconal, (que não foge muito da função pastoral no que diz
respeito a servi a comunidade cristã) o obreiro precisava ser experimentado,
quanto mais ao ministério pastoral, propriamente dito.
É tempo de
revermos nossa vocação. É tempo de anunciar sobre a vocação pastoral e suas
obrigações para a igreja e seus deveres para com ela. É tempo de entendermos
que nosso chamado não difere do chamado dos Apóstolos, que nossa vocação é
celestial e as razões não corroboram com os valores deste mundo, que os valores
deste mundo não podem medir o chamado pastoral.
Que Deus tenha
misericórdia de nós e sejamos despertos para a compreensão do chamado pastoral
para hoje. Nada mede sua vocação, a não ser sua própria vocação, desenvolva-a
intensamente.