E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe
Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim Isaque foi
consolado depois da morte de sua mãe. Gn 24.67.
A formação da família de Isaque
surge mediante uma carência afetiva. A morte de sua mãe gera em seu pai o
entendimento de que o filho carecia de um consolo feminino para continuar sua
jornada. A escolha do cônjuge obedece a critérios pessoais do pai, “Disse
Abraão ao seu mais antigo servo da casa, que governava tudo o que possuía: Põe
a mão por baixo da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus do
céu e da terra, que não tomará esposa para meu filho das filhas dos cananeus,
entre os quais habito; Mas irás à minha parentela e daí tomarás esposa para
Isaque, meu filho”. (Gênesis 24.2-4).
A trajetória conjugal de Isaque,
assemelha-se muito com a de seu pai Abraão, ambos casaram-se com mulheres
lindas, tiveram que lidar com a questão da esterilidade e o desejo de um rei
por suas mulheres. Algumas dessas situações poderiam ter sido resolvidas sem
grandes agravamentos caso Isaque estivesse aprendido com o erro de seu pai. O
caso de Abimeleque é um desses, onde Isaque repeti o mesmo palavreado do pai
quando “perguntando-lhe os homens daquele lugar a respeito de sua mulher,
disse: é minha irmã; pois temia dizer: É minha mulher; para que, dizia ele
consigo, os homens do lugar não me matem por amor de Rebeca, porque era formosa
de aparência” (compare Gênesis 12.12,13 com 26.7).
Pelo que tudo indica, Isaque e Rebeca
foram mais prudentes no que diz respeito a resolver a questão da esterilidade,
enquanto seu pai buscou vias alternativas, Isaque orou ao Senhor (Gênesis
25.21). Não existe registro de insatisfações, rixas, ou discórdias entre Isaque
e Rebeca, nem tão pouco algum sofrimento ocasionado devido a sua esterilidade. Entretanto,
não há dúvidas de que o caso incomodava toda a família, uma vez que o natural
era a procriação, a fertilidade e não a ausência de filhos nos relacionamentos.
OS
CONFLITOS MARCANTES
Tudo aponta para nos informar que “O
casamento de Isaque foi precedido de muitos cuidados e muita oração. Os noivos
se juntaram certos da inequívoca direção de Deus. Mas, Isaque não se ligou a
Rebeca apenas porque era a mulher indicada: ele também a amou (Gn 24.67). À
semelhança de Sara, Rebeca era ‘muito bonita’ (Gn 24.16) e solícita.” .[1]
O primeiro grande conflito que surge na vida conjugal de Isaque e Rebeca é a
questão da esterilidade, caso que como já mencionamos foi resolvido com oração.
O surgimento dos filhos pode ter
trago à tona os conflitos e insatisfações internas até então não revelados, o
distanciamento dos familiares, o provável esfriamento do amor conjugal e uma
gravidez dupla são fatores a serem observados para algumas decisões tomadas
pelo casal a parti do surgimento dos descendentes. O relato bíblico registra
que desde o casamento ao nascimento dos filhos foram vinte anos. Registra
ainda, que “Isaque amava a Esaú, porque se saboreava de sua caça; Rebeca,
porém, amava a Jacó” (Gênesis 25.20,26, 28). Esse modelo de distribuição de
afeto gerou uma grande dificuldade para a harmonia conjugal. O filho amado pelo
pai resolve tomar para si mulheres que desagradam a mãe (Gênesis 27.46).
O filho primogênito, com uma vida
mais distante acabou por não valorizar o estado da primogenitura até o dia em que
a perdeu. A proximidade da mãe por Jacó o incitou a manipular a Isaque a ponto
de gerar uma situação de extremo risco, tendo inclusive a possibilidade clara
de um fratricídio. O complô seguido por uma fraude, onde a mãe apresenta-se
como pivô de um esquema em que, em um primeiro momento aparenta ser totalmente
distorcido, vai ser esclarecido apenas anos depois em Hebreus 12.16.
O que se pode inferir de tudo isso
para a vida, são algumas lições lógicas, tais como: Em todas as familiais
existirão conflitos, porém, quando esta serve a Deus com seriedade, pode sem
receio levar suas demandas a Deus. Outro ponto interessante é compreender que o
tempo é amigo das famílias, oração e tempo, podem
contribuir para a solução de algumas questões. Desta forma, torna-se possível aprendermos
algumas coisas com esta família, e assim, aprimorarmos as nossas, não nos
acomodando com os erros como se fosse algo natural, mas, entendendo que em toda
família surgem problemas, todavia, podem ser sanados com oração e busca de Deus.
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